sábado, 8 de março de 2025

Judeus Brasileiros e a Transformação de Sobrenomes

Judeus Brasileiros e a Transformação de Sobrenomes Sob o céu quente e generoso do Brasil, onde as árvores frondosas estendem seus galhos como braços acolhedores, chegaram os judeus. Vinham de terras distantes, onde a perseguição os havia expulsado como folhas secas ao vento. Traziam consigo histórias de dor, mas também uma resiliência que brotava como raízes profundas. E aqui, nesta terra de sol e mistura, encontraram não apenas refúgio, mas também a necessidade de se reinventar. Os nomes que carregavam eram como marcas de suas origens, mas também eram pesos que poderiam atrair olhares indesejados. Então, com a sabedoria de quem já havia sobrevivido a tantas tempestades, muitos deles optaram por se fundir à paisagem local, adotando sobrenomes que ecoavam a natureza brasileira: Oliveira, Parreira, Carvalho, Figueira. Eram nomes que falavam de árvores fortes, de raízes profundas, de frutos que alimentavam. Nomes que os ajudariam a se camuflar, mas que também carregavam um simbolismo poderoso: a ideia de que, como aquelas árvores, eles também poderiam florescer em solo estrangeiro. Assim, os Cohen se tornaram Oliveira, os Levy viraram Parreira, e os Stern se fizeram Carvalho. Eram nomes que os permitiam circular sem chamar atenção, mas que, entre eles, funcionavam como códigos secretos. Um Oliveira sabia que outro Oliveira era, na verdade, um Cohen. Um Parreira reconhecia no outro a herança de Levi. E assim, nas ruas de Recife, Salvador, Rio de Janeiro, esses judeus reinventados construíram suas vidas, abriram comércios, plantaram raízes. E, nas noites silenciosas, quando as estrelas brilhavam sobre o Atlântico, eles sussurravam seus nomes verdadeiros, como uma oração, como um pacto de sobrevivência. Mas nem todos mudaram seus nomes. Alguns, como os Franco e os Abravanel, mantiveram seus sobrenomes como bandeiras de resistência. Eram como árvores que se recusavam a ser transplantadas, que insistiam em crescer altivas, mesmo sob o risco de serem cortadas. Eles carregavam seus nomes com orgulho, como uma lembrança de quem eram e de onde vinham. E, ao fazê-lo, tornavam-se faróis para os outros, uma prova de que era possível sobreviver sem se apagar completamente. E assim, a história dos judeus no Brasil tornou-se um mosaico de adaptação e resistência. Os que se tornaram Oliveira, Parreira, Carvalho, floresceram como árvores frondosas, enraizando-se profundamente nesta terra. E os que mantiveram seus nomes, como Franco e Abravanel, permaneceram como testemunhas vivas de uma identidade que não se deixaria apagar. Juntos, eles escreveram uma narrativa de sobrevivência, de coragem, de esperança. E, em cada nome, mudado ou não, havia uma história de vida que, como as árvores da mata brasileira, seguia crescendo, indomável, em direção ao sol. Paulo Franco.

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