sábado, 7 de junho de 2025

Poeira na Via Láctea

Poeira na Via Láctea Ah, humano soberbo, erguido em teu trono de barro, que pensas ser grande sob o manto das estrelas? Teu peito incha de orgulho, tua voz clama ao vento, mas és um grão de areia no deserto da Via Láctea. A galáxia gira, indiferente, no seu curso eterno, e tu, com teus feitos e tuas conquistas de um dia, és menos que um sopro no rosto do infinito. Que arrogância é essa, ó criatura de pó, que te faz crer senhor do que mal compreendes? Se um dia a tua luz se apagar, se o teu nome for varrido pelo tempo, quem sentirá tua falta? O leão seguirá rugindo nas savanas, a águia pairará altiva nos céus, as formigas, incansáveis, cavarão seus impérios. Mas há quem nem notará tua ausência: a tartaruga, anciã do mar, que já navegava nos oceanos antes de tuas cidades, tuas guerras, tuas preces. Ela, que carrega o tempo no casco, não perguntará por ti. Humildade, pois, filho da terra. Abre os olhos para o cosmos e cala-te. Somos passageiros numa viagem alheia, um suspiro entre as eras, um eco que se perde no silêncio das estrelas. Paulo Franco.

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