Eu e a porteira

La no ranchinho, sentado na porteira, vejo A sexta hora chegar...Já começa escurecer e o iambú começa Cantar...Leia mais!

segunda-feira, 31 de março de 2025

O SEGREDO DO SHABBAT

O SEGREDO DO SHABBAT Há um silêncio que não é vazio. Há uma luz que não vem do sol. Há um pão que não é apenas pão, e um vinho que guarda o sabor da criação. O Shabbat não é um dia, é um portal. Quem entra nele deixa para trás o peso dos relógios, a tirania das horas, e descobre que o tempo, afinal, pode ser um rio que não corre, mas simplesmente é. Os anjos, dizem os sábios, cantam uma melodia que o ouvido não ouve, mas a alma reconhece. E quem acende as velas com mãos tremulas, quem cobre os olhos e murmura a bênção, ouve por um instante o rumor de asas invisíveis. O segredo não está no descanso, mas no despertar dentro do repouso. Não na ausência de trabalho, mas na presença do sagrado. Deus não parou no sétimo dia para descansar parou para ensinar aos homens que algumas coisas só se alcançam quando se deixam de perseguir. O Shabbat foi feito para o homem Não o homem para o Shabbat É para ser um dia santo. Paulo Franco.

sexta-feira, 21 de março de 2025

Cabala, a Árvore da Vida

Cabala, a Árvore da Vida A Cabala (ou Kabbalah) é uma tradição mística e esotérica do judaísmo que busca compreender a natureza de Deus, a criação do universo e o papel do ser humano dentro desse cosmos divino. Uma das representações mais conhecidas e profundas da Cabala é a Árvore da Vida (Etz Chaim, em hebraico), um diagrama composto por dez esferas interconectadas (chamadas Sefirot) que simbolizam os atributos divinos e os caminhos pelos quais a energia espiritual flui do Criador para o mundo material. A Árvore da Vida é um mapa espiritual que oferece insights sobre a estrutura do universo, a alma humana e a conexão entre o divino e o terreno. Origens da Cabala A Cabala tem suas raízes na tradição judaica, com textos fundamentais como o Zohar (Livro do Esplendor) e o Sefer Yetzirah (Livro da Criação). Esses escritos exploram os mistérios da Torá de forma simbólica e metafísica, indo além da interpretação literal. A Cabala não é apenas um sistema filosófico, mas também uma prática espiritual que busca elevar a consciência e aproximar o indivíduo de Deus. A Árvore da Vida: Estrutura e Significado A Árvore da Vida é composta por dez Sefirot (singular: Sefirá), que representam diferentes aspectos da divindade e da criação. Essas esferas estão organizadas em três pilares verticais e conectadas por 22 caminhos, que correspondem às 22 letras do alfabeto hebraico. Cada Sefirá tem um nome, um significado e uma função específica, e juntas formam um sistema dinâmico de interações espirituais. Os Três Pilares 1. Pilar da Direita (Chesed - Misericórdia): Representa a expansão, a generosidade e a energia masculina. 2. Pilar da Esquerda (Gevurah - Julgamento): Representa a restrição, a disciplina e a energia feminina. 3. Pilar do Meio (Tiferet - Beleza): Representa o equilíbrio e a harmonia entre os dois extremos. As Dez Sefirot 1. Keter (Coroa): A primeira Sefirá, representa a vontade divina, a origem de tudo e a conexão com o infinito (Ein Sof). 2. Chochmah (Sabedoria): A centelha inicial da criação, a inspiração pura e a intuição. 3. Binah (Entendimento): A capacidade de compreender e estruturar a sabedoria, associada à introspecção e ao discernimento. 4. Chesed (Misericórdia): A bondade, a generosidade e o amor incondicional. 5. Gevurah (Julgamento): A força, a disciplina e a justiça divina. 6. Tiferet (Beleza): O equilíbrio entre misericórdia e julgamento, representando a harmonia e a compaixão. 7. Netzach (Vitória): A eternidade, a persistência e a força criativa. 8. Hod (Glória): A humildade, a gratidão e a capacidade de se render ao divino. 9. Yesod (Fundação): A conexão entre o espiritual e o material, representando a sexualidade e a estabilidade. 10. Malkut (Reino): A manifestação física, o mundo material e a presença divina na Terra. Os 22 Caminhos Os caminhos que conectam as Sefirot correspondem às 22 letras do alfabeto hebraico, cada uma carregando um significado espiritual profundo. Esses caminhos representam as jornadas da alma, os processos de transformação e as conexões entre os diferentes aspectos da divindade e da existência. A Jornada Espiritual na Árvore da Vida A Árvore da Vida não é apenas um diagrama estático, mas um mapa para a jornada espiritual do ser humano. Ela oferece um caminho de ascensão, começando em Malkut (o mundo material) e subindo até Keter (a conexão com o divino). Essa jornada envolve o equilíbrio entre os atributos divinos, o autoconhecimento e a transformação interior. • Descida da Energia Divina: A energia flui de Keter até Malkut, representando a criação do universo e a manifestação de Deus no mundo material. • Ascensão Humana: O ser humano pode percorrer os caminhos da Árvore da Vida em direção a Keter, buscando a iluminação e a união com o divino. A Árvore da Vida e o Ser Humano A Árvore da Vida também é um espelho da alma humana. Cada Sefirá corresponde a uma parte da psique e da experiência humana: • Keter: A essência da alma. • Chochmah e Binah: A mente intuitiva e racional. • Chesed e Gevurah: As emoções de amor e disciplina. • Tiferet: O coração e o equilíbrio interior. • Netzach e Hod: A criatividade e a comunicação. • Yesod: O subconsciente e os instintos. • Malkut: O corpo físico e a realidade material. Aplicações Práticas da Cabala A Cabala e a Árvore da Vida não são apenas conceitos teóricos, mas ferramentas práticas para o crescimento espiritual. Através da meditação, do estudo e da prática dos ensinamentos cabalísticos, o indivíduo pode: • Equilibrar suas emoções e pensamentos. • Compreender seu propósito na vida. • Desenvolver uma conexão mais profunda com Deus. • Transformar desafios em oportunidades de crescimento. Conclusão A Árvore da Vida é um dos símbolos mais poderosos e profundos da Cabala, representando a estrutura do universo, a jornada da alma e a conexão entre o divino e o humano. Através dela, podemos compreender não apenas os mistérios de Deus, mas também a nossa própria natureza espiritual. A Cabala, com sua riqueza simbólica e ensinamentos profundos, continua a inspirar e guiar aqueles que buscam uma vida de significado, equilíbrio e conexão com o sagrado. Como diz o Zohar: "A luz está oculta na Torá, e a Torá está oculta na luz." A Árvore da Vida é um caminho para desvendar essa luz. Paulo Franco.

quinta-feira, 20 de março de 2025

O Peitoril da Estola Sacerdotal

O Peitoril da Estola Sacerdotal No livro do Êxodo, capítulo 28, versículos 15 a 30, encontramos uma descrição minuciosa do peitoral do juízo, uma peça sagrada que integrava as vestes sacerdotais. Este peitoral, confeccionado com esmero e reverência, era adornado com doze pedras preciosas, cada uma representando uma das doze tribos de Israel. As pedras, engastadas em ouro, eram dispostas em quatro fileiras de três, formando um mosaico de cores e significados que transcendiam a mera estética. Cada pedra, além de seu valor material, carregava um simbolismo profundo, ligado à identidade e ao propósito de cada tribo, e, de modo mais elevado, ao testemunho de Jesus Cristo. As pedras e suas tribos correspondentes eram as seguintes: Sárdio: Simbolizava a tribo de Rúben, representando a coragem, a força primária que impulsiona o homem a enfrentar os desafios da vida. Topázio: Associado à tribo de Gade, representava a força, não apenas física, mas também espiritual, necessária para superar as adversidades. Carbúnculo: Ligado à tribo de Zebulom, simbolizava a vitalidade, a energia divina que sustenta a vida e a criação. Esmeralda: Representava a tribo de Levi, trazendo consigo a esperança, a luz que guia o povo em meio às trevas. Safira: Associada à tribo de Issacar, simbolizava a sabedoria, o discernimento que vem do alto para conduzir os caminhos do homem. Diamante: Representava a tribo de Naftali, trazendo a pureza, a integridade que reflete a santidade de Deus. Jacinto: Ligado à tribo de Aser, simbolizava a graça, o favor imerecido que Deus concede aos seus escolhidos. Ágata: Representava a tribo de Simeão, trazendo a estabilidade, a firmeza necessária para manter-se firme na fé. Ametista: Associada à tribo de Dã, simbolizava a humildade, a virtude que nos lembra da nossa dependência de Deus. Crisólito: Representava a tribo de Zebulom, trazendo a misericórdia, o amor compassivo que cobre uma multidão de pecados. Ônix: Ligado à tribo de José, simbolizava a proteção, o cuidado divino que guarda o seu povo. Berilo: Representava a tribo de Benjamim, trazendo a justiça, o fundamento do trono de Deus e a base do seu governo. Além do simbolismo espiritual, as pedras preciosas do peitoral tinham uma função prática no ministério sacerdotal. Quando o sumo sacerdote adentrava o Santo dos Santos, as pedras brilhavam, refletindo a glória e a presença de Deus. Esse brilho não era meramente físico, mas um sinal visível da união entre Deus e o seu povo, uma aliança que transcendia o tempo e o espaço. As pedras preciosas, portanto, não eram apenas adornos, mas testemunhas silenciosas de uma verdade profunda: a conexão entre o divino e o humano. Elas nos lembram que cada tribo, cada indivíduo, tem um lugar no coração de Deus, e que, juntos, formamos um mosaico vivo, uma obra de arte espiritual que reflete a glória do Criador. Assim, o peitoral do juízo nos convida a contemplar não apenas a beleza das pedras, mas a profundidade do amor de Deus, que escolheu habitar entre os homens e se revelar através de símbolos que falam à nossa alma. Cada pedra, cada tribo, cada significado, aponta para Cristo, a pedra angular, o sumo sacerdote que nos une a Deus e nos torna participantes da sua natureza divina. Paulo Franco.

sábado, 15 de março de 2025

As Festas Judaicas: Uma Dança no Tempo

As Festas Judaicas: Uma Dança no Tempo Há algo de profundamente sagrado no modo como o povo judeu marca o tempo. Não se trata apenas de dias no calendário, mas de uma dança entre o eterno e o efêmero, entre a memória e a promessa. Cada festa judaica é um convite a mergulhar na história, na fé e na identidade de um povo que, através dos séculos, aprendeu a celebrar não apenas a vida, mas também o sentido oculto por trás dela. Pessach: A Liberdade que Ecoa Tudo começa com Pessach, a festa que celebra a libertação do Egito. Não é apenas uma lembrança distante, mas um chamado para que cada geração se veja como se tivesse saído da escravidão. A mesa posta, o sabor amargo das ervas, o pão ázimo que não teve tempo de levedar — tudo isso nos lembra que a liberdade é um processo, não um destino. E o mais curioso: a história é contada em forma de pergunta. Por que esta noite é diferente das outras? Porque a liberdade, verdadeira liberdade, começa com a capacidade de questionar. Shavuot: A Palavra que Desce Cinquenta dias após Pessach, vem Shavuot, a festa que celebra a entrega da Torá no Monte Sinai. Aqui, a liberdade ganha sentido. Não basta sair do Egito; é preciso saber para onde ir. A Torá é o mapa, a bússola, a voz que guia. Em Shavuot, os judeus leem o livro de Rute, uma história de conversão e devoção, como se dissessem: a sabedoria divina está aberta a todos que desejam se aproximar. E há uma tradição belíssima: passar a noite em claro, estudando. Porque a luz da Torá é mais forte que a escuridão da ignorância. Rosh Hashaná: O Ano que Renasce Com o outono, chega Rosh Hashaná, o Ano Novo judaico. Mas não é uma festa de fogos e champanhe. É um momento de introspecção, de toque do shofar, o chifre de carneiro que ecoa como um grito da alma. "Acordem, dorminhocos!", parece dizer. O shofar é o alarme divino, chamando cada um a refletir sobre suas ações, a reparar o que foi quebrado, a voltar para o caminho. Rosh Hashaná é o início de um período de dez dias de arrependimento, que culmina em Yom Kipur. Yom Kipur: O Dia do Perdão Yom Kipur é o dia mais solene do calendário judaico. Um dia de jejum, oração e silêncio. Neste dia, o povo judeu se coloca diante de Deus, nu de coração, reconhecendo suas falhas e pedindo perdão. Mas há uma beleza paradoxal aqui: Yom Kipur não é um dia de tristeza, mas de alegria. Porque o perdão é a maior prova de amor. E, ao final do dia, quando a última oração é recitada e o shofar soa novamente, há um sentimento de renovação, como se a alma tivesse sido lavada pela chuva da misericórdia divina. Sucot: A Fragilidade que Abriga Logo após Yom Kipur, vem Sucot, a festa das cabanas. Durante sete dias, os judeus deixam suas casas e habitam em cabanas frágeis, cobertas por folhagens. É um lembrete de que, no deserto, Deus os protegeu, e que, mesmo na fragilidade, há abrigo. A sucá, a cabana, é um símbolo de confiança: não são as paredes de concreto que nos protegem, mas a fé. E há uma alegria contagiante em Sucot, com danças, cantos e a cerimônia do lulav e do etrog, que representam a unidade do povo e a diversidade da criação. Chanucá: A Luz que Persiste No inverno, quando as noites são mais longas, chega Chanucá, a festa das luzes. Durante oito dias, acendem-se as velas da chanukiá, uma para cada dia, lembrando o milagre do óleo que durou oito dias no Templo Sagrado. Chanucá fala de resistência, de fé em meio à escuridão. E há algo de mágico em ver as velas acesas, especialmente em noites frias: é como se cada chama dissesse: "A luz sempre vence". Purim: A Alegria que Vira o Jogo Purim é a festa da alegria desbordante. A história de Ester, que salvou o povo judeu da destruição, é contada com entusiasmo, e há uma tradição de se fantasiar, de beber até não distinguir entre "maldito seja Haman" e "bendito seja Mordechai". Purim nos ensina que, por trás dos acontecimentos aparentemente caóticos, há uma mão divina que guia tudo. E que, às vezes, a melhor resposta para o perigo é a alegria. Simchat Torá: A Dança da Palavra Por fim, Simchat Torá, a festa que celebra a conclusão da leitura anual da Torá. É um dia de danças e cantos, em que a Torá é carregada pela sinagoga, e todos se unem em uma alegria contagiante. Porque a Torá não é um livro estático; é uma fonte viva de sabedoria, que se renova a cada geração. E, no final da festa, começa-se a ler o Gênesis novamente, como se dissessem: "A história nunca termina; sempre há um novo começo." Assim, as festas judaicas são muito mais que rituais; são janelas para o sagrado, espelhos que refletem a jornada de um povo e, ao mesmo tempo, convites para que cada um de nós encontre seu próprio sentido no tempo. Como diria Paulo Franco, são "a poesia do eterno escrita nas páginas efêmeras do calendário". Paulo Frabco.

quinta-feira, 13 de março de 2025

Amigo Distante

Amigo Distante Éramos todos amigos, num círculo de risos e segredos, mãos que se apertavam, olhos que se entendiam sem palavras. Mas o tempo, esse velho tecelão, foi desfiando os fios que nos uniam, e cada um partiu para seu canto do mundo, levando consigo um pedaço do que fomos. Somos todos amigos, sim, mas há um que não se perde, que não se apaga, que não se desfaz com a distância. Esse amigo é como uma estrela fixa, que brilha mesmo quando não a vemos, que nos guia mesmo quando não a sentimos. E hoje, ao olhar para o céu, lembro do teu abraço, da tua voz que ecoava nas madrugadas, das promessas que fizemos e que o vento levou, mas que ainda vivem em algum lugar do peito. Somos todos amigos, mas tu, grande amigo, és a bússola que me orienta, o farol que me traz de volta quando me perco no mar da vida. E mesmo que os caminhos se afastem, e que as estradas não se cruzem, sei que em algum lugar estás a sorrir, e esse sorriso é o que me basta. Paulo Franco.
Pages 381234 »

LEITURA

LEITURA

 
Real Time Web Analytics