A Semente da Sucupira
Hoje, nas mãos calejadas do tempo,
quebrei castanhas duras, cápsulas do chão,
para extrair o alívio que a terra guarda,
remédio antigo, sábio como a dor.
A infusão fria para gargarejos.
A Semente Revela a Grandeza de Deus.
E eis que, entre as fissuras do mundo,
uma semente miúda, quase esquecida,
repousava em segredo, pequena joia,
do tamanho de um grão de arroz,
obra-prima de um Artista invisível.
Deus me falou então, não em trovões,
mas no silêncio daquela forma frágil:
"Vê como cuido do que não se vê,
como alimento o que ainda não é."
Pensei no milagre lento da germe,
no embrião verde rompendo a crosta,
no tronco que erguerá seus braços largos,
templo de sombra, abrigo de asas.
Ó Grande Oleiro, que moldas o pó
e das entranhas secas fazes brotar vida!
Quem és Tu, que num grão tão miúdo
escondes a força que sustenta os céus?
Tua mão desenha raízes no escuro,
teu sopro acorda a semente adormecida.
Em tudo, Senhor, em tudo, até no ínfimo,
transborda a glória da Tua perfeição.
E eu, mero poeta de versos quebrados,
só me resta louvar, de joelhos no chão:
que todas as sementes, todas as árvores,
proclamem que Tu és... e basta.
Espero que tenha captado um pouco da essência lírica e contemplativa, mesclando o cotidiano simples, com uma reflexão espiritual profunda.
Eu plantei aquela semente e vou acompanhar e sei que vai transformar em arvore que acompanhará até eu me deitar e aqui não estarei.
Paulo Franco.
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