domingo, 4 de maio de 2025

O Caminho do Imperfeito

O Caminho do Imperfeito Se eu tentar corrigir todos os meus erros... Talvez perca o que sou, minha essência em pedaços. A tinta que escorre, a palavra que falha... São rastros do humano, vestígios de algo. Mas se eu caminhar, mesmo tropeçando... Rumo ao alvo distante, essa perfeição branca... O chão que me fere, o vento que dobra... Serão lições vivas, não só dor, mas obra. Não sou o poeta de versos exatos... Sou o que se rasga entre luz e recatos. Cada falha, um sulco; cada queda, um verso. O caminho me talha, sou barro, mas aperfeiçôo-me. Há uma verdade nos meus erros que minhas certezas nunca souberam carregar... são cicatrizes de luz, letras que escorregaram do verso e fundaram cidades onde eu não sabia morar. A perfeição seria um túmulo branco: nenhuma palavra ousaria respirar nesse ar parado de museu. Prefiro a tinta viva, o risco que sangra sentido, o rascunho que me ensina a ser mais humano que poema. Caminho? Sim, mas não reto... serpenteio entre rasuras, beiro abismos de vírgulas, invento atalhos na gramática do acaso. O alvo é apenas o pretexto para que eu me perca e me encontre escrito nas margens que julguei vazias. Paulo Franco.

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