JUDEU PERSEGUINDO JUDEU – O Que Sente o Divino?"
O PESAR DO ETERNO
Entre os escombros
da história,
Onde o povo eleito
ergueu seus altares,
Eis que surge a mais
dolorosa das narrativas:
A mão que deveria
proteger, golpeia;
O irmão que deveria
amar, condena.
O que sente o Senhor
dos Exércitos
Ao ver seus filhos
dilacerarem-se em Seu Nome?
Que lágrima cai do
firmamento
Quando o sangue de
Abrahão mancha as mãos
Daqueles que
carregam sua semente sagrada?
ECO DOS TEMPOS
Foi no deserto que
Miriã contestou Moisés,
Nos pátios do
Templo que os zelotes se traíram,
Nos guetos da Europa
que alguns escolheram
A sobrevivência de
uns sobre o extermínio de outros.
E hoje, sob o sol do
Mediterrâneo,
Onde deveria
florescer a união,
Ressurge o espectro
de Caim –
Não mais com
pedras, mas com decretos e palavras,
Enquanto o mundo
observa e murmura:
"Vejam como
eles se amam."
O SILÊNCIO DE DEUS
Não há trovão que
ecoe mais forte
Do que o silêncio
do Onipotente
Diante de tanta
contradição.
Talvez Ele esconda o
rosto,
Não por ira, mas
por vergonha –
Não da essência de
Seu povo,
Mas da pequenez
humana
Que até os
escolhidos contaminou.
O CHAMADO FINAL
Que os profetas
modernos levantem a voz:
"Não foi para
isso que sobrevivemos!"
Que as mães de
Jerusalém ensinem aos filhos:
"A verdadeira
santidade está no abraço,
Não na pedra
atirada."
Pois no Juízo
Final,
Quando as perguntas
forem feitas,
Não bastará dizer
"Fui fiel à Torá" –
Mas sim: "Amaste
teu irmão judeu
Como a ti mesmo?"
(Assinado com terra
do cerrado e lágrimas do Jordão,
O escriba das
contradições humanas.)
Paulo Franco.