Eu e a porteira

La no ranchinho, sentado na porteira, vejo A sexta hora chegar...Já começa escurecer e o iambú começa Cantar...Leia mais!

sábado, 12 de abril de 2025

PESSACH: A Celebração da Liberdade e da Memória do Sofrimento

PESSACH: A Celebração da Liberdade e da Memória do Sofrimento Por Paulo Franco A Páscoa Judaica, Pessach, é muito mais que um ritual, é uma viagem no tempo, um mergulho na alma de um povo que carrega nas costas séculos de escravidão e libertação. Cada gesto, cada alimento, cada taça de vinho é um símbolo que sangra história e significado. Os Quatro Cálices de Vinho: Sangue, Luta e Promessa O vinho não é apenas bebida, é sangue da memória. Quatro taças são erguidas, cada uma representando uma das promessas de Deus ao povo hebreu no Êxodo: "Eu vos tirarei do Egito, Eu vos livrarei da servidão, Eu vos redimirei, Eu vos tomarei por Meu povo." Mas há um quinto cálice, o de Eliyahu (Elias), que fica intocado, uma taça da esperança, do futuro, da redenção ainda por vir. O vinho escuro como o Nilo, doce como a liberdade, mas que traz na garganta o amargo da lembrança. Água com Sal: Lágrimas dos Escravos Antes da refeição, mergulha-se verduras em água salgada. Por quê? Porque o sal é o gosto das lágrimas derramadas na escravidão. O verde da erva representa a primavera, o renascimento, mas a água salgada lembra: não há liberdade sem dor. As Ervas Amargas (Maror): O Sabor da Opressão O maror, raiz-forte, rábano, ou alface romana, é mastigado com força. Seu amargo é a amargura da escravidão. Há quem diga que o nabo, duro e áspero, também entra nesse ritual, simbolizando a dureza do trabalho forçado. Mas por que ervas diferentes? Porque a dor não é uma só. Há a dor física, a dor da humilhação, a dor da perda. Cada mordida é um soco no estômago, um lembrete: "Nunca mais". Charoset: A Argamassa e a Doçura da Resistência Uma pasta doce de maçã, nozes, vinho e canela, o charoset parece um contraste, mas não é. Sua textura lembra o barro com que os hebreus faziam tijolos no Egito. O doce? A esperança que os manteve vivos mesmo na escuridão. O Cordeiro Pascal (Zeroá): O Sacrifício e o Sangue nos Umbrais Um osso de cordeiro assado lembra o sacrifício do Êxodo, quando o sangue do animal marcou as portas dos hebreus, poupando-os da décima praga. É um símbolo de proteção e preço pago pela liberdade. Matzá: O Pão da Pressa e da Humildade Sem fermento, achatado, cru, o pão ázimo (matzá) é o pão da fuga, da urgência. Mas também é o pão dos pobres, dos que não têm tempo nem luxo. É a humildade transformada em alimento. O Nome e a Essência: PESSACH, a Passagem Pessach vem de "passar por cima", referência ao anjo da morte que passou sobre as casas marcadas. Mas também é a passagem da escravidão à liberdade, da morte à vida. Conclusão: Lembrar Para Não Repetir O Seder de Pessach não é um jantar, é um teatro sagrado, onde cada ator revive o papel de seus antepassados. Comer o amargo, beber o vinho, chorar sobre o sal, tudo para que nunca se esqueça, nunca se normalize a servidão. Porque um povo que lembra sua dor está sempre um passo à frente da tirania. Pessach Sameach! (Uma Páscoa Judaica Feliz!) Paulo Franco.

quarta-feira, 9 de abril de 2025

A Lição do Ingrato

A Lição do Ingrato Quando o mal-agradecido Volta as costas a quem lhe estendeu a mão, O tempo, mestre severo, Lhe trará a lição. Não importa a falsa glória, Nem o orgulho que cega o olhar, A vida cobra sua história E o faz se lembrar. Quem esquece o bem recebido, Como folha ao vento vai rodar, Até que o frio da ingratidão Lhe force a se humilhar. Pois a justiça do destino Não falha, não trai, não erra: Quem pisa em quem lhe ajudou Cairá sobre a própria terra. Paulo Frabco.

sexta-feira, 4 de abril de 2025

Deus não deu poderes para as baratas

Deus não deu poderes para as baratas Deus, em Sua infinita sabedoria, negou-lhes o poder. Mas não lhes tirou a audácia. As baratas sobem, descem, invadem, rastejam com uma altivez de quem desafia a própria criação. Sobem pelas paredes como demônios de asas sujas, encarando-nos de cima, num olhar frio e desafiador... Se lhes fosse dado o poder de matar, ah, meu irmão, a humanidade já teria sucumbido. Elas não fogem, não recuam, avançam. Atacam impiedosamente, como se carregassem dentro de si o ódio de todas as eras. Movem-se com uma certeza assassina, como se soubessem que, um dia, a casa será delas... Mas não, graças a Deus. Não têm veneno, não têm garras, não têm dentes que rasgam carne. Apenas têm asas, pernas rápidas e uma coragem que parece emprestada do inferno. E isso já basta para nos lembrar: há criaturas que, se pudessem, fariam deste mundo um pesadelo... A barata é uma ameaça que rasteja, que voa, que desafia. Mas não é dona da morte, ainda bem. Porque se um dia ganhassem tal poder, seria o fim de nós todos. E elas, lá do alto das paredes, ririam. Paulo Franco.

segunda-feira, 31 de março de 2025

O SEGREDO DO SHABBAT

O SEGREDO DO SHABBAT Há um silêncio que não é vazio. Há uma luz que não vem do sol. Há um pão que não é apenas pão, e um vinho que guarda o sabor da criação. O Shabbat não é um dia, é um portal. Quem entra nele deixa para trás o peso dos relógios, a tirania das horas, e descobre que o tempo, afinal, pode ser um rio que não corre, mas simplesmente é. Os anjos, dizem os sábios, cantam uma melodia que o ouvido não ouve, mas a alma reconhece. E quem acende as velas com mãos tremulas, quem cobre os olhos e murmura a bênção, ouve por um instante o rumor de asas invisíveis. O segredo não está no descanso, mas no despertar dentro do repouso. Não na ausência de trabalho, mas na presença do sagrado. Deus não parou no sétimo dia para descansar parou para ensinar aos homens que algumas coisas só se alcançam quando se deixam de perseguir. O Shabbat foi feito para o homem Não o homem para o Shabbat É para ser um dia santo. Paulo Franco.
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