Eu e a porteira

La no ranchinho, sentado na porteira, vejo A sexta hora chegar...Já começa escurecer e o iambú começa Cantar...Leia mais!

quinta-feira, 20 de março de 2025

O Peitoril da Estola Sacerdotal

O Peitoril da Estola Sacerdotal No livro do Êxodo, capítulo 28, versículos 15 a 30, encontramos uma descrição minuciosa do peitoral do juízo, uma peça sagrada que integrava as vestes sacerdotais. Este peitoral, confeccionado com esmero e reverência, era adornado com doze pedras preciosas, cada uma representando uma das doze tribos de Israel. As pedras, engastadas em ouro, eram dispostas em quatro fileiras de três, formando um mosaico de cores e significados que transcendiam a mera estética. Cada pedra, além de seu valor material, carregava um simbolismo profundo, ligado à identidade e ao propósito de cada tribo, e, de modo mais elevado, ao testemunho de Jesus Cristo. As pedras e suas tribos correspondentes eram as seguintes: Sárdio: Simbolizava a tribo de Rúben, representando a coragem, a força primária que impulsiona o homem a enfrentar os desafios da vida. Topázio: Associado à tribo de Gade, representava a força, não apenas física, mas também espiritual, necessária para superar as adversidades. Carbúnculo: Ligado à tribo de Zebulom, simbolizava a vitalidade, a energia divina que sustenta a vida e a criação. Esmeralda: Representava a tribo de Levi, trazendo consigo a esperança, a luz que guia o povo em meio às trevas. Safira: Associada à tribo de Issacar, simbolizava a sabedoria, o discernimento que vem do alto para conduzir os caminhos do homem. Diamante: Representava a tribo de Naftali, trazendo a pureza, a integridade que reflete a santidade de Deus. Jacinto: Ligado à tribo de Aser, simbolizava a graça, o favor imerecido que Deus concede aos seus escolhidos. Ágata: Representava a tribo de Simeão, trazendo a estabilidade, a firmeza necessária para manter-se firme na fé. Ametista: Associada à tribo de Dã, simbolizava a humildade, a virtude que nos lembra da nossa dependência de Deus. Crisólito: Representava a tribo de Zebulom, trazendo a misericórdia, o amor compassivo que cobre uma multidão de pecados. Ônix: Ligado à tribo de José, simbolizava a proteção, o cuidado divino que guarda o seu povo. Berilo: Representava a tribo de Benjamim, trazendo a justiça, o fundamento do trono de Deus e a base do seu governo. Além do simbolismo espiritual, as pedras preciosas do peitoral tinham uma função prática no ministério sacerdotal. Quando o sumo sacerdote adentrava o Santo dos Santos, as pedras brilhavam, refletindo a glória e a presença de Deus. Esse brilho não era meramente físico, mas um sinal visível da união entre Deus e o seu povo, uma aliança que transcendia o tempo e o espaço. As pedras preciosas, portanto, não eram apenas adornos, mas testemunhas silenciosas de uma verdade profunda: a conexão entre o divino e o humano. Elas nos lembram que cada tribo, cada indivíduo, tem um lugar no coração de Deus, e que, juntos, formamos um mosaico vivo, uma obra de arte espiritual que reflete a glória do Criador. Assim, o peitoral do juízo nos convida a contemplar não apenas a beleza das pedras, mas a profundidade do amor de Deus, que escolheu habitar entre os homens e se revelar através de símbolos que falam à nossa alma. Cada pedra, cada tribo, cada significado, aponta para Cristo, a pedra angular, o sumo sacerdote que nos une a Deus e nos torna participantes da sua natureza divina. Paulo Franco.

sábado, 15 de março de 2025

As Festas Judaicas: Uma Dança no Tempo

As Festas Judaicas: Uma Dança no Tempo Há algo de profundamente sagrado no modo como o povo judeu marca o tempo. Não se trata apenas de dias no calendário, mas de uma dança entre o eterno e o efêmero, entre a memória e a promessa. Cada festa judaica é um convite a mergulhar na história, na fé e na identidade de um povo que, através dos séculos, aprendeu a celebrar não apenas a vida, mas também o sentido oculto por trás dela. Pessach: A Liberdade que Ecoa Tudo começa com Pessach, a festa que celebra a libertação do Egito. Não é apenas uma lembrança distante, mas um chamado para que cada geração se veja como se tivesse saído da escravidão. A mesa posta, o sabor amargo das ervas, o pão ázimo que não teve tempo de levedar — tudo isso nos lembra que a liberdade é um processo, não um destino. E o mais curioso: a história é contada em forma de pergunta. Por que esta noite é diferente das outras? Porque a liberdade, verdadeira liberdade, começa com a capacidade de questionar. Shavuot: A Palavra que Desce Cinquenta dias após Pessach, vem Shavuot, a festa que celebra a entrega da Torá no Monte Sinai. Aqui, a liberdade ganha sentido. Não basta sair do Egito; é preciso saber para onde ir. A Torá é o mapa, a bússola, a voz que guia. Em Shavuot, os judeus leem o livro de Rute, uma história de conversão e devoção, como se dissessem: a sabedoria divina está aberta a todos que desejam se aproximar. E há uma tradição belíssima: passar a noite em claro, estudando. Porque a luz da Torá é mais forte que a escuridão da ignorância. Rosh Hashaná: O Ano que Renasce Com o outono, chega Rosh Hashaná, o Ano Novo judaico. Mas não é uma festa de fogos e champanhe. É um momento de introspecção, de toque do shofar, o chifre de carneiro que ecoa como um grito da alma. "Acordem, dorminhocos!", parece dizer. O shofar é o alarme divino, chamando cada um a refletir sobre suas ações, a reparar o que foi quebrado, a voltar para o caminho. Rosh Hashaná é o início de um período de dez dias de arrependimento, que culmina em Yom Kipur. Yom Kipur: O Dia do Perdão Yom Kipur é o dia mais solene do calendário judaico. Um dia de jejum, oração e silêncio. Neste dia, o povo judeu se coloca diante de Deus, nu de coração, reconhecendo suas falhas e pedindo perdão. Mas há uma beleza paradoxal aqui: Yom Kipur não é um dia de tristeza, mas de alegria. Porque o perdão é a maior prova de amor. E, ao final do dia, quando a última oração é recitada e o shofar soa novamente, há um sentimento de renovação, como se a alma tivesse sido lavada pela chuva da misericórdia divina. Sucot: A Fragilidade que Abriga Logo após Yom Kipur, vem Sucot, a festa das cabanas. Durante sete dias, os judeus deixam suas casas e habitam em cabanas frágeis, cobertas por folhagens. É um lembrete de que, no deserto, Deus os protegeu, e que, mesmo na fragilidade, há abrigo. A sucá, a cabana, é um símbolo de confiança: não são as paredes de concreto que nos protegem, mas a fé. E há uma alegria contagiante em Sucot, com danças, cantos e a cerimônia do lulav e do etrog, que representam a unidade do povo e a diversidade da criação. Chanucá: A Luz que Persiste No inverno, quando as noites são mais longas, chega Chanucá, a festa das luzes. Durante oito dias, acendem-se as velas da chanukiá, uma para cada dia, lembrando o milagre do óleo que durou oito dias no Templo Sagrado. Chanucá fala de resistência, de fé em meio à escuridão. E há algo de mágico em ver as velas acesas, especialmente em noites frias: é como se cada chama dissesse: "A luz sempre vence". Purim: A Alegria que Vira o Jogo Purim é a festa da alegria desbordante. A história de Ester, que salvou o povo judeu da destruição, é contada com entusiasmo, e há uma tradição de se fantasiar, de beber até não distinguir entre "maldito seja Haman" e "bendito seja Mordechai". Purim nos ensina que, por trás dos acontecimentos aparentemente caóticos, há uma mão divina que guia tudo. E que, às vezes, a melhor resposta para o perigo é a alegria. Simchat Torá: A Dança da Palavra Por fim, Simchat Torá, a festa que celebra a conclusão da leitura anual da Torá. É um dia de danças e cantos, em que a Torá é carregada pela sinagoga, e todos se unem em uma alegria contagiante. Porque a Torá não é um livro estático; é uma fonte viva de sabedoria, que se renova a cada geração. E, no final da festa, começa-se a ler o Gênesis novamente, como se dissessem: "A história nunca termina; sempre há um novo começo." Assim, as festas judaicas são muito mais que rituais; são janelas para o sagrado, espelhos que refletem a jornada de um povo e, ao mesmo tempo, convites para que cada um de nós encontre seu próprio sentido no tempo. Como diria Paulo Franco, são "a poesia do eterno escrita nas páginas efêmeras do calendário". Paulo Frabco.

quinta-feira, 13 de março de 2025

Amigo Distante

Amigo Distante Éramos todos amigos, num círculo de risos e segredos, mãos que se apertavam, olhos que se entendiam sem palavras. Mas o tempo, esse velho tecelão, foi desfiando os fios que nos uniam, e cada um partiu para seu canto do mundo, levando consigo um pedaço do que fomos. Somos todos amigos, sim, mas há um que não se perde, que não se apaga, que não se desfaz com a distância. Esse amigo é como uma estrela fixa, que brilha mesmo quando não a vemos, que nos guia mesmo quando não a sentimos. E hoje, ao olhar para o céu, lembro do teu abraço, da tua voz que ecoava nas madrugadas, das promessas que fizemos e que o vento levou, mas que ainda vivem em algum lugar do peito. Somos todos amigos, mas tu, grande amigo, és a bússola que me orienta, o farol que me traz de volta quando me perco no mar da vida. E mesmo que os caminhos se afastem, e que as estradas não se cruzem, sei que em algum lugar estás a sorrir, e esse sorriso é o que me basta. Paulo Franco.

sábado, 8 de março de 2025

Judeus Brasileiros e a Transformação de Sobrenomes

Judeus Brasileiros e a Transformação de Sobrenomes Sob o céu quente e generoso do Brasil, onde as árvores frondosas estendem seus galhos como braços acolhedores, chegaram os judeus. Vinham de terras distantes, onde a perseguição os havia expulsado como folhas secas ao vento. Traziam consigo histórias de dor, mas também uma resiliência que brotava como raízes profundas. E aqui, nesta terra de sol e mistura, encontraram não apenas refúgio, mas também a necessidade de se reinventar. Os nomes que carregavam eram como marcas de suas origens, mas também eram pesos que poderiam atrair olhares indesejados. Então, com a sabedoria de quem já havia sobrevivido a tantas tempestades, muitos deles optaram por se fundir à paisagem local, adotando sobrenomes que ecoavam a natureza brasileira: Oliveira, Parreira, Carvalho, Figueira. Eram nomes que falavam de árvores fortes, de raízes profundas, de frutos que alimentavam. Nomes que os ajudariam a se camuflar, mas que também carregavam um simbolismo poderoso: a ideia de que, como aquelas árvores, eles também poderiam florescer em solo estrangeiro. Assim, os Cohen se tornaram Oliveira, os Levy viraram Parreira, e os Stern se fizeram Carvalho. Eram nomes que os permitiam circular sem chamar atenção, mas que, entre eles, funcionavam como códigos secretos. Um Oliveira sabia que outro Oliveira era, na verdade, um Cohen. Um Parreira reconhecia no outro a herança de Levi. E assim, nas ruas de Recife, Salvador, Rio de Janeiro, esses judeus reinventados construíram suas vidas, abriram comércios, plantaram raízes. E, nas noites silenciosas, quando as estrelas brilhavam sobre o Atlântico, eles sussurravam seus nomes verdadeiros, como uma oração, como um pacto de sobrevivência. Mas nem todos mudaram seus nomes. Alguns, como os Franco e os Abravanel, mantiveram seus sobrenomes como bandeiras de resistência. Eram como árvores que se recusavam a ser transplantadas, que insistiam em crescer altivas, mesmo sob o risco de serem cortadas. Eles carregavam seus nomes com orgulho, como uma lembrança de quem eram e de onde vinham. E, ao fazê-lo, tornavam-se faróis para os outros, uma prova de que era possível sobreviver sem se apagar completamente. E assim, a história dos judeus no Brasil tornou-se um mosaico de adaptação e resistência. Os que se tornaram Oliveira, Parreira, Carvalho, floresceram como árvores frondosas, enraizando-se profundamente nesta terra. E os que mantiveram seus nomes, como Franco e Abravanel, permaneceram como testemunhas vivas de uma identidade que não se deixaria apagar. Juntos, eles escreveram uma narrativa de sobrevivência, de coragem, de esperança. E, em cada nome, mudado ou não, havia uma história de vida que, como as árvores da mata brasileira, seguia crescendo, indomável, em direção ao sol. Paulo Franco.
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