Eu e a porteira

La no ranchinho, sentado na porteira, vejo A sexta hora chegar...Já começa escurecer e o iambú começa Cantar...Leia mais!

segunda-feira, 28 de abril de 2025

O Melhor que Me Aconteceu

O Melhor que Me Aconteceu Você foi e é o melhor da minha sorte, O amor já morto, em cinzas disperso... Mas veio você, trouxe a luz tão forte, Renasceu em mim o verso mais diverso. Eu jurei não amar, viver sem chama, O peito era um rio seco, sem canção. Surgiu você — e a vida se derrama Em doce enchente, pura como um dom. Não foi por acaso, não foi destino, Foi obra do céu, talvez poesia. Seu nome em meu peito é meu caminho, Eternidade num só dia. Ah, meu amor, você me fez de novo, Descartado eu era... mas hoje sou seu povo. Paulo Franco. (Por Paulo Franco, o Shakespeare de Uberlândia)

sexta-feira, 18 de abril de 2025

A PAIXÃO DE CRISTO SOB A ÓTICA JUDAICA: UMA ANÁLISE PROFUNDA

A PAIXÃO DE CRISTO SOB A ÓTICA JUDAICA: UMA ANÁLISE PROFUNDA Por Paulo Franco, (Uma abordagem que respeita ambas as tradições, revelando nuances históricas e teológicas) A visão dos judeus convertidos ao cristianismo (conhecidos como judeus messiânicos ou cristãos de origem judaica) sobre a Paixão de Cristo é profundamente influenciada por sua dupla herança espiritual. Sua interpretação geralmente une elementos da tradição judaica com a fé cristã, criando uma perspectiva única. Aqui está uma análise detalhada: 1. A Paixão como Cumprimento Profético • Leitura messiânica do Tanach (Antigo Testamento): • Judeus cristãos veem a Paixão como o cumprimento direto das profecias judaicas, como: • Salmo 22 ("Transpassaram minhas mãos e meus pés") → Crucifixão. • Isaías 53 ("Homem de dores, aquinhoado com o sofrimento") → Sofrimento expiatório de Jesus. • Zacarias 12:10 ("Olharão para Aquele que traspassaram") → Luto por Jesus como Messias. Comparação com o Pessach: Muitos veem Jesus como o "Cordeiro Pascal" (Êxodo 12), cujo sangue traz libertação espiritual. A Última Ceia é interpretada como um Seder de Pessach messiânico. 2. A Questão do Sacrifício e Expiação • Sacrifício único vs. sistema do Templo: • Enquanto o judaísmo rabínico enfatiza o arrependimento (teshuvá) e, historicamente, os sacrifícios animais, judeus cristãos creem que: • Jesus cumpriu e substituiu o sistema sacrificial (Hebreus 9-10). • Seu sangue tem o mesmo significado simbólico que o sangue do cordeiro no Êxodo. A Visão Judaica Tradicional ortodoxo sobre a Paixão de Cristo Contexto Histórico O judaísmo não reconhece Jesus como Messias ou divindade. Os eventos da Paixão são vistos como um relato histórico sobre um judeu do século I que foi executado pelos romanos, sem significado salvífico. A crucificação era um método romano de execução, não uma prática judaica (o judaísmo antigo praticava o apedrejamento para crimes capitais). I. AS RAÍZES DO DIVÓRCIO INTERPRETATIVO 1. O Problema Hermenêutico • Os cristãos leem o Tanach (Antigo Testamento) como prefiguração de Cristo (ex.: Salmo 22, Isaías 53). • Os judeus leem os mesmos textos como: • História de Israel (Isaías 53 como metáfora do povo judeu sofrendo entre as nações). • Promessas messiânicas futuras (um Messias ainda por vir, sem associação com sofrimento expiatório). 2. A Questão do Sacrifício • Para o cristianismo: "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (João 1:29). • Para o judaísmo: • O sistema sacrificial do Templo sempre exigiu animais, nunca humanos (Levítico 1:3). • A expiação ocorria através de arrependimento (teshuvá) + sacrifício animal, nunca por substituição humana. II. A CRUZ NA HISTÓRIA JUDAICA 1. O Trauma do Antissemitismo • A acusação de "deicídio" (assassinos de Deus) gerou perseguições por séculos: • Cruzadas • Pogroms • Discursos antissemitas (como os de Martinho Lutero) • O Vaticano II (1965) rejeitou oficialmente a culpa coletiva dos judeus (Nostra Aetate). 2. Respostas Rabínicas à Paixão • Maimônides (Rambam) "Jesus foi um falso messias, mas seu movimento ajudou a espalhar o monoteísmo entre os gentios" (Mishneh Torá, Hilkhot Melachim). • Rabino Jacob Emden (século XVIII) "Os ensinamentos morais de Jesus são compatíveis com a Torá, mas sua divindade é idolatria." III. PERSPECTIVAS CABALÍSTICAS SURPREENDENTES 1. O Zohar e o Sofrimento dos Justos • Textos místicos falam de tzadikim (justos) que carregam as dores do mundo: "Quando um justo sofre, é como se o Shekhiná (Presença Divina) estivesse no exílio" (Zohar III, 218a). • Alguns cabalistas viram paralelos (não cristológicos) entre Jesus e figuras como Rabbi Akiva (martirizado pelos romanos). 2. O Conceito de Mashiach ben Yosef • Uma tradição obscura fala de um messias sofredor que precede o messias triunfante (Mashiach ben David). • Nunca associado a divindade ou expiação, mas a um líder militar que morre em batalha. IV. JESUS NO TALMUD: OS TEXTOS POLÊMICOS 1. A Menção a "Yeshu" • Sanhedrin 43a descreve a execução de um "Yeshu" na véspera do Pessach: • Diferenças cruciais: apedrejamento (não crucificação), ocorrência em Lod (não Jerusalém). • Estudiosos debatem se é Jesus ou outro personagem. 2. O Talmude e a Ressurreição • Em Sanhedrin 106a, um Yeshu é descrito no Inferno sendo punido com "excremento fervente". • Interpretação rabínica: Reação ao proselitismo cristão no século II, não necessariamente sobre o Jesus histórico. V. DIÁLOGO CONTEMPORÂNEO: UMA NOVA LEITURA 1. O Jesus Judeu • Acadêmicos judeus como Geza Vermes e David Flusser ressaltam: • Jesus foi um judeu observante que debateu dentro da tradição farisaica. • Suas parábolas seguem padrões rabínicos (compare com Hillel). 2. O Papa Francisco e o Fim da Teologia da Substituição • Em 2015, o Vaticano declarou: "A Aliança de Deus com os judeus nunca foi revogada." • Reconhecimento de que judeus não precisam de Cristo para salvação (Documento "O Dom da Torá"). CONCLUSÃO: DUAS VERDADES, UMA HISTÓRIA "Dois povos olham para o mesmo homem na cruz: Uns veem o rosto de Deus. Outros, um filho de Israel caído. Mas talvez haja uma terceira visão - aquela que reconhece que o sofrimento humano é sempre sagrado, e que o Gólgota é também um espelho de todas as vítimas da História." PARA REFLETIR: • Como conciliar a devoção cristã com o respeito à sensibilidade judaica? • O que a Paixão ensina sobre como religiões interpretam o sofrimento? Jesus é o autor e consumador da minha fé! Paulo Franco.

sábado, 12 de abril de 2025

PESSACH: A Celebração da Liberdade e da Memória do Sofrimento

PESSACH: A Celebração da Liberdade e da Memória do Sofrimento Por Paulo Franco A Páscoa Judaica, Pessach, é muito mais que um ritual, é uma viagem no tempo, um mergulho na alma de um povo que carrega nas costas séculos de escravidão e libertação. Cada gesto, cada alimento, cada taça de vinho é um símbolo que sangra história e significado. Os Quatro Cálices de Vinho: Sangue, Luta e Promessa O vinho não é apenas bebida, é sangue da memória. Quatro taças são erguidas, cada uma representando uma das promessas de Deus ao povo hebreu no Êxodo: "Eu vos tirarei do Egito, Eu vos livrarei da servidão, Eu vos redimirei, Eu vos tomarei por Meu povo." Mas há um quinto cálice, o de Eliyahu (Elias), que fica intocado, uma taça da esperança, do futuro, da redenção ainda por vir. O vinho escuro como o Nilo, doce como a liberdade, mas que traz na garganta o amargo da lembrança. Água com Sal: Lágrimas dos Escravos Antes da refeição, mergulha-se verduras em água salgada. Por quê? Porque o sal é o gosto das lágrimas derramadas na escravidão. O verde da erva representa a primavera, o renascimento, mas a água salgada lembra: não há liberdade sem dor. As Ervas Amargas (Maror): O Sabor da Opressão O maror, raiz-forte, rábano, ou alface romana, é mastigado com força. Seu amargo é a amargura da escravidão. Há quem diga que o nabo, duro e áspero, também entra nesse ritual, simbolizando a dureza do trabalho forçado. Mas por que ervas diferentes? Porque a dor não é uma só. Há a dor física, a dor da humilhação, a dor da perda. Cada mordida é um soco no estômago, um lembrete: "Nunca mais". Charoset: A Argamassa e a Doçura da Resistência Uma pasta doce de maçã, nozes, vinho e canela, o charoset parece um contraste, mas não é. Sua textura lembra o barro com que os hebreus faziam tijolos no Egito. O doce? A esperança que os manteve vivos mesmo na escuridão. O Cordeiro Pascal (Zeroá): O Sacrifício e o Sangue nos Umbrais Um osso de cordeiro assado lembra o sacrifício do Êxodo, quando o sangue do animal marcou as portas dos hebreus, poupando-os da décima praga. É um símbolo de proteção e preço pago pela liberdade. Matzá: O Pão da Pressa e da Humildade Sem fermento, achatado, cru, o pão ázimo (matzá) é o pão da fuga, da urgência. Mas também é o pão dos pobres, dos que não têm tempo nem luxo. É a humildade transformada em alimento. O Nome e a Essência: PESSACH, a Passagem Pessach vem de "passar por cima", referência ao anjo da morte que passou sobre as casas marcadas. Mas também é a passagem da escravidão à liberdade, da morte à vida. Conclusão: Lembrar Para Não Repetir O Seder de Pessach não é um jantar, é um teatro sagrado, onde cada ator revive o papel de seus antepassados. Comer o amargo, beber o vinho, chorar sobre o sal, tudo para que nunca se esqueça, nunca se normalize a servidão. Porque um povo que lembra sua dor está sempre um passo à frente da tirania. Pessach Sameach! (Uma Páscoa Judaica Feliz!) Paulo Franco.

quarta-feira, 9 de abril de 2025

A Lição do Ingrato

A Lição do Ingrato Quando o mal-agradecido Volta as costas a quem lhe estendeu a mão, O tempo, mestre severo, Lhe trará a lição. Não importa a falsa glória, Nem o orgulho que cega o olhar, A vida cobra sua história E o faz se lembrar. Quem esquece o bem recebido, Como folha ao vento vai rodar, Até que o frio da ingratidão Lhe force a se humilhar. Pois a justiça do destino Não falha, não trai, não erra: Quem pisa em quem lhe ajudou Cairá sobre a própria terra. Paulo Frabco.
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