Eu e a porteira

La no ranchinho, sentado na porteira, vejo A sexta hora chegar...Já começa escurecer e o iambú começa Cantar...Leia mais!

quarta-feira, 30 de abril de 2025

Tá Ótimo

Tá Ótimo

Quando teu olhar encontra o meu,
E o mundo para... Tá ótimo assim.
Gratidão brota, simples e fiel,
Por esse amor, tão puro e sem fim.

Nos teus braços encontro a paz,
Refúgio certo, calor sem igual.
E mesmo nos dias de tempestade,
Tua esperança acende o meu farol.

Não preciso de mais nada,
Se contigo o tempo voa e dança.
Tá ótimo neste instante,
Nossa história, só gratidão e herança.

Que o amanhã venha, se vier,
Com a mesma luz que hoje sinto.
Pois enquanto teu coração for meu,
Tá ótimo... e o resto é infinito.          Paulo Franco.

segunda-feira, 28 de abril de 2025

O Melhor que Me Aconteceu

O Melhor que Me Aconteceu

Você foi e é o melhor da minha sorte,
O amor já morto, em cinzas disperso...
Mas veio você, trouxe a luz tão forte,
Renasceu em mim o verso mais diverso.

Eu jurei não amar, viver sem chama,
O peito era um rio seco, sem canção.
Surgiu você — e a vida se derrama
Em doce enchente, pura como um dom.

Não foi por acaso, não foi destino,
Foi obra do céu, talvez poesia.
Seu nome em meu peito é meu caminho,
Eternidade num só dia.

Ah, meu amor, você me fez de novo,
Descartado eu era... mas hoje sou seu povo.     Paulo Franco.

(Por Paulo Franco, o Shakespeare de Uberlândia)

sexta-feira, 18 de abril de 2025

A PAIXÃO DE CRISTO SOB A ÓTICA JUDAICA: UMA ANÁLISE PROFUNDA

A PAIXÃO DE CRISTO SOB A ÓTICA JUDAICA: UMA ANÁLISE PROFUNDA

Por Paulo Franco,

(Uma abordagem que respeita ambas as tradições, revelando nuances históricas e teológicas)

A visão dos judeus convertidos ao cristianismo (conhecidos como judeus messiânicos ou cristãos de origem judaica) sobre a Paixão de Cristo é profundamente influenciada por sua dupla herança espiritual. Sua interpretação geralmente une elementos da tradição judaica com a fé cristã, criando uma perspectiva única. Aqui está uma análise detalhada:

1. A Paixão como Cumprimento Profético
    • Leitura messiânica do Tanach (Antigo Testamento):
    • Judeus cristãos veem a Paixão como o cumprimento direto das profecias judaicas, como:
      
    • Salmo 22 ("Transpassaram minhas mãos e meus pés") → Crucifixão.
      
    • Isaías 53 ("Homem de dores, aquinhoado com o sofrimento") → Sofrimento expiatório de Jesus.
      
    • Zacarias 12:10 ("Olharão para Aquele que traspassaram") → Luto por Jesus como Messias.

Comparação com o Pessach:

Muitos veem Jesus como o "Cordeiro Pascal" (Êxodo 12), cujo sangue traz libertação espiritual. A Última Ceia é interpretada como um Seder de Pessach messiânico.

2. A Questão do Sacrifício e Expiação

    • Sacrifício único vs. sistema do Templo:
    • Enquanto o judaísmo rabínico enfatiza o arrependimento (teshuvá) e, historicamente, os sacrifícios animais, judeus cristãos creem que:
      
    • Jesus cumpriu e substituiu o sistema sacrificial (Hebreus 9-10).
      
    • Seu sangue tem o mesmo significado simbólico que o sangue do cordeiro no Êxodo.
A Visão Judaica Tradicional ortodoxo sobre a Paixão de Cristo
Contexto Histórico

O judaísmo não reconhece Jesus como Messias ou divindade. Os eventos da Paixão são vistos como um relato histórico sobre um judeu do século I que foi executado pelos romanos, sem significado salvífico.

A crucificação era um método romano de execução, não uma prática judaica (o judaísmo antigo praticava o apedrejamento para crimes capitais).

I. AS RAÍZES DO DIVÓRCIO INTERPRETATIVO

1. O Problema Hermenêutico

    • Os cristãos leem o Tanach (Antigo Testamento) como prefiguração de Cristo (ex.: Salmo 22, Isaías 53).

    • Os judeus leem os mesmos textos como:
      
    • História de Israel (Isaías 53 como metáfora do povo judeu sofrendo entre as nações).
      
    • Promessas messiânicas futuras (um Messias ainda por vir, sem associação com sofrimento expiatório).

2. A Questão do Sacrifício

    • Para o cristianismo: "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (João 1:29).
      
    • Para o judaísmo:
      
    • O sistema sacrificial do Templo sempre exigiu animais, nunca humanos (Levítico 1:3).
      
    • A expiação ocorria através de arrependimento (teshuvá) + sacrifício animal, nunca por substituição humana.

II. A CRUZ NA HISTÓRIA JUDAICA


1. O Trauma do Antissemitismo

    • A acusação de "deicídio" (assassinos de Deus) gerou perseguições por séculos:
      
    • Cruzadas
      
    • Pogroms
      
    • Discursos antissemitas (como os de Martinho Lutero)
      
    • O Vaticano II (1965) rejeitou oficialmente a culpa coletiva dos judeus (Nostra Aetate).


2. Respostas Rabínicas à Paixão

    • Maimônides (Rambam)
      "Jesus foi um falso messias, mas seu movimento ajudou a espalhar o monoteísmo entre os gentios" (Mishneh Torá, Hilkhot Melachim).
      
    • Rabino Jacob Emden (século XVIII)
      "Os ensinamentos morais de Jesus são compatíveis com a Torá, mas sua divindade é idolatria."

III. PERSPECTIVAS CABALÍSTICAS SURPREENDENTES

1. O Zohar e o Sofrimento dos Justos

    • Textos místicos falam de tzadikim (justos) que carregam as dores do mundo:
      "Quando um justo sofre, é como se o Shekhiná (Presença Divina) estivesse no exílio" (Zohar III, 218a).
      
    • Alguns cabalistas viram paralelos (não cristológicos) entre Jesus e figuras como Rabbi Akiva (martirizado pelos romanos).

2. O Conceito de Mashiach ben Yosef

    • Uma tradição obscura fala de um messias sofredor que precede o messias triunfante (Mashiach ben David).
      
    • Nunca associado a divindade ou expiação, mas a um líder militar que morre em batalha.

IV. JESUS NO TALMUD: OS TEXTOS POLÊMICOS

1. A Menção a "Yeshu"

    • Sanhedrin 43a descreve a execução de um "Yeshu" na véspera do Pessach:

    • Diferenças cruciais: apedrejamento (não crucificação), ocorrência em Lod (não Jerusalém).
      
    • Estudiosos debatem se é Jesus ou outro personagem.

2. O Talmude e a Ressurreição

    • Em Sanhedrin 106a, um Yeshu é descrito no Inferno sendo punido com "excremento fervente".
      
    • Interpretação rabínica: Reação ao proselitismo cristão no século II, não necessariamente sobre o Jesus histórico.

V. DIÁLOGO CONTEMPORÂNEO: UMA NOVA LEITURA


1. O Jesus Judeu

    • Acadêmicos judeus como Geza Vermes e David Flusser ressaltam:
      
    • Jesus foi um judeu observante que debateu dentro da tradição farisaica.
      
    • Suas parábolas seguem padrões rabínicos (compare com Hillel).

2. O Papa Francisco e o Fim da Teologia da Substituição

    • Em 2015, o Vaticano declarou: "A Aliança de Deus com os judeus nunca foi revogada."
      
    • Reconhecimento de que judeus não precisam de Cristo para salvação (Documento "O Dom da Torá").

CONCLUSÃO: DUAS VERDADES, UMA HISTÓRIA

"Dois povos olham para o mesmo homem na cruz:
Uns veem o rosto de Deus.
Outros, um filho de Israel caído.
Mas talvez haja uma terceira visão -
aquela que reconhece
que o sofrimento humano
é sempre sagrado,
e que o Gólgota
é também um espelho
de todas as vítimas da História."

PARA REFLETIR:

    • Como conciliar a devoção cristã com o respeito à sensibilidade judaica?
      
    • O que a Paixão ensina sobre como religiões interpretam o sofrimento?
Jesus é o autor e consumador da minha fé!            Paulo Franco.

sábado, 12 de abril de 2025

PESSACH: A Celebração da Liberdade e da Memória do Sofrimento

PESSACH: A Celebração da Liberdade e da Memória do Sofrimento

Por Paulo Franco

A Páscoa Judaica, Pessach, é muito mais que um ritual, é uma viagem no tempo, um mergulho na alma de um povo que carrega nas costas séculos de escravidão e libertação. Cada gesto, cada alimento, cada taça de vinho é um símbolo que sangra história e significado.

Os Quatro Cálices de Vinho: Sangue, Luta e Promessa

O vinho não é apenas bebida, é sangue da memória. Quatro taças são erguidas, cada uma representando uma das promessas de Deus ao povo hebreu no Êxodo: "Eu vos tirarei do Egito, Eu vos livrarei da servidão, Eu vos redimirei, Eu vos tomarei por Meu povo."

Mas há um quinto cálice, o de Eliyahu (Elias), que fica intocado, uma taça da esperança, do futuro, da redenção ainda por vir. O vinho escuro como o Nilo, doce como a liberdade, mas que traz na garganta o amargo da lembrança.

Água com Sal: Lágrimas dos Escravos

Antes da refeição, mergulha-se verduras em água salgada. Por quê? Porque o sal é o gosto das lágrimas derramadas na escravidão. O verde da erva representa a primavera, o renascimento, mas a água salgada lembra: não há liberdade sem dor.

As Ervas Amargas (Maror): O Sabor da Opressão

O maror, raiz-forte, rábano, ou alface romana, é mastigado com força. Seu amargo é a amargura da escravidão. Há quem diga que o nabo, duro e áspero, também entra nesse ritual, simbolizando a dureza do trabalho forçado.

Mas por que ervas diferentes? Porque a dor não é uma só. Há a dor física, a dor da humilhação, a dor da perda. Cada mordida é um soco no estômago, um lembrete: "Nunca mais".

Charoset: A Argamassa e a Doçura da Resistência

Uma pasta doce de maçã, nozes, vinho e canela, o charoset parece um contraste, mas não é. Sua textura lembra o barro com que os hebreus faziam tijolos no Egito. O doce? A esperança que os manteve vivos mesmo na escuridão.

O Cordeiro Pascal (Zeroá): O Sacrifício e o Sangue nos Umbrais

Um osso de cordeiro assado lembra o sacrifício do Êxodo, quando o sangue do animal marcou as portas dos hebreus, poupando-os da décima praga. É um símbolo de proteção e preço pago pela liberdade.

Matzá: O Pão da Pressa e da Humildade

Sem fermento, achatado, cru, o pão ázimo (matzá) é o pão da fuga, da urgência. Mas também é o pão dos pobres, dos que não têm tempo nem luxo. É a humildade transformada em alimento.

O Nome e a Essência: PESSACH, a Passagem
Pessach vem de "passar por cima", referência ao anjo da morte que passou sobre as casas marcadas. Mas também é a passagem da escravidão à liberdade, da morte à vida.

Conclusão: Lembrar Para Não Repetir

O Seder de Pessach não é um jantar, é um teatro sagrado, onde cada ator revive o papel de seus antepassados. Comer o amargo, beber o vinho, chorar sobre o sal, tudo para que nunca se esqueça, nunca se normalize a servidão.

Porque um povo que lembra sua dor está sempre um passo à frente da tirania.

Pessach Sameach! (Uma Páscoa Judaica Feliz!)          Paulo Franco.
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