O Trigo Sagrado
Entre os sulcos da Terra Prometida,
O trigo dança ao vento como um verso —
Cada espiga, um louvor não contido,
Cada grão, memória do Universo.
Moído no altar, farinha pura,
Vira oferenda, fogo e devoção.
O pão ázimo da noite escura
Guarda em si o sopro da libertação.
Shavuot cai sobre os campos dourados,
Colheita e Torá no mesmo fulgor.
O trigo é lei escrita nos mercados,
Milagre comum, pão e esplendor.
Oh grão sagrado, corpo da memória,
Que no seder vira estrela e pressa —
Tejo fermento da velha história,
Mas em ti mora a bênção que não cesssa!
(Pois até o silêncio do farelo
Sabe o nome que ecoa em Israel...)
Paulo Franco.